sábado, 17 de junho de 2017

Solidão



Há tempos venho reparando em como a solidão tornou-se companheira de tanta gente. A solidão passou a ser um sentimento que independe das pessoas. Sentimos solidão rodeados de gente. O que será que está acontecendo?

Pessoas vão para baladas sozinhas e voltam sozinhas. Bebidas, danças frenéticas, parceria para beijos e sexo não afugentam a solidão, e muitas vezes, até a reforçam. Nossas casas estão mais confortáveis, nossos carros mais velozes e nossa vida mais vazia. Nossos corpos estão sarados, nossas roupas extravagantes e nosso coração está gelado.

É certo que somos sós, seres independentes. Nascemos sós e morremos sós. Mas isso quer dizer individualidade e não solidão. O sentimento de solidão é o que dói, o que nos enfraquece diante da vida.

Perdemo-nos nas atrações da modernidade e do materialismo e nos esquecemos da diversão, de passar bons momentos com quem amamos, de dizer que ama, de abraçar, de ficar juntinho conversando. Tudo parece que tem que ser sexual, que tem que ser rápido que amanhã já tem outras pessoas. E quanto mais a gente busca se livrar da solidão, mais ela nos persegue. Ela está numa reunião familiar, em meio à multidão, no vazio da nossa cama. Ela está dentro de nós.

Ela nos enlouquece de tal forma, que até quando ela não está, a procuramos. Por que a gente foge de dar amor para alguém que nos pede? Por que a gente não tem coragem de dizer que está apaixonado? Por que a gente acha que nossos pensamentos e opiniões são melhores que a dos outros?

Medo.

O medo traz a solidão. O medo de sofrer, de ser ridículo, de “pagar mico”, de se envolver, de tocar e ser tocado. O medo das ameaças da vida. E, quanto mais a gente foge do sofrimento, mais sofremos.

Ficar sozinho é necessário às vezes, nos refaz, nos centra, nos prepara para um novo momento. Mas essa solidão sentida, sofrida, como uma flecha no peito, é perigosa. Quantas mortes já não trouxe? Quantas doenças e péssimos estágios de sobrevida? Quantas mazelas para o mundo já bem cheio delas?

A solidão consola, a solidão vicia, a solidão mata. Como qualquer outro narcótico. E qual é a solução para a solidão?

O amor.

O único sentimento capaz de nos livrar desse grande mal. O único antídoto para todos os males. O desenvolvimento dele é um hábito.

Com o tempo, amamos naturalmente, e seremos rodeados de pessoas ou, pelo menos, de seus sentimentos de amor.

Jean Charlles

Um comentário:

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