sábado, 17 de junho de 2017

A dinâmica dos vícios


Andei pensando sobre os vícios. Todos.

Percebi que os vícios são coisas bem sem sentido. Vamos começar pelos vícios mais comuns. A bebida e o cigarro.


O Fulaninho acende um cigarro, o primeiro da sua vida. Ele tosse, sente ânsia de vômito. O corpo recusa, repele aquilo. Mas ele insiste, e com o tempo, o corpo e a mente passam a pedir aquela substância dispensável.


A Sicraninha abre a sua primeira cerveja. Ele toma e acha o gosto amargo e a sensação do álcool desagradável. Mas todas as suas amigas bebem e dizem pra ela que a vida é ótima depois de uma "cerva". Ela acredita, insiste, insiste mais alguns meses e, de repente, ela tá gostando, achando bom demais.


O Beltraninho vê seus amigos tomarem whisky, vodka ou qualquer outra bebida destilada. Ele se sente fora da turma. Pega seu copo e pede uma dose. Toma já sabendo que não vai gostar apenas por sentir o cheiro da bebida. Toma. Acha a pior coisa do mundo. Sua língua adormece e seu esôfago queima. Ele odeia, mas finge gostar. Quando os amigos não estão por perto, ele toma dentro de casa a bebida dos seus pais, para se acostumar e beber com mais segurança na próxima balada.


Bom, alguns meses depois, nossos personagens estão viciados. A partir daí, tudo é motivo para beber: alegria, tristeza ou neutralidade. Ainda não sabem que é um problema que vão levar para a vida toda. Com algumas poucas exceções, alguém não vai se viciar.


É por isso que é sempre perigoso experimentar qualquer tipo de entorpecente, afinal, não conhecemos nossas tendências. A mesma dinâmica acontece com a maconha, cocaína, heroína, crack e todo e qualquer narcótico e suas variáveis. Existe coisa mais sem sentido? Você cria uma necessidade que antes não tinha, passa a ter, e o seu prazer é satisfazer a necessidade criada. O cigarro, por exemplo, cria uma ansiedade e nervosismo que só é tranquilizado após algumas tragadas. Aí a pessoa diz que quando para de fumar, fica nervosa, mas esse nervoso é a dependência física.


Existem aqueles vícios que se originam das nossas necessidades. Por exemplo, precisamos de sexo para o equilíbrio energético, psicológico e afetivo. Mas ninguém precisa fazer sexo dez vezes por dia com cinco pessoas diferentes. A dinâmica do vício aqui é tentar tapar uma carência qualquer com a eternização do prazer sexual. Ilusão. É um saco sem fundo. Neste caso, o sexo perde totalmente sua característica de equilíbrio e torna-se, ao contrário, uma tortura.


E nessa linha podemos citar os vícios de falar mal dos outros, de criar confusões ao nosso redor, de guardar coisas velhas e sem serventia. O vício de pensar negativamente, de comprar, de juntar bens materiais, de vitimizar-se, de fazer chantagem emocional ou manipular as pessoas. O vício de comer, dormir ou ver TV.


O vício é comum entre as pessoas, mas não é normal. O vício, seja qual for, é a principal causa de infelicidade do ser humano. Mortes prematuras, suicídios, doenças, loucura, perdas materiais e afetivas.


Os vícios permeam no campo mental e nas ligações químicas do nosso corpo. Nos explica Joseph Dispenza - quiroprático e doutor em química pela universidade Rutgers de New Brunswick em New Jersey - que as células do viciado se acostumam ao bombardeio cotidiano de certos comportamentos, fazendo com que, ao se dividirem, produzam células irmãs ou filhas, e, nessas novas células, vão haver mais receptores para esses peptídios neurais e menos receptores para as funções naturais da célula como descartar toxinas ou absorver vitaminas.


O vício em qualquer comportamento cria redes neurais e torna-se confortável viver daquela maneira. Pois a mudança exige que haja a criação de outras conexões e isso causa um grande desconforto, uma abstinência química, nos levando a um momento de caos. Passando esse momento crítico, somos apresentados ao verdadeiro conforto e felicidade e nos tornamos senhores de nós mesmos. Mas muitos desistem nesse momento de caos, pois é muito dolorido ver seus antigos conceitos se desmoronando e seus modelos quebrados, é muito sofrido o momento em que o cérebro está se religando, se reconectando e nos transformando.


Você já parou pra pensar porque você tem vícios? Você não tem nada melhor para se apegar talvez porque ninguém tenha te ensinado a ter nada melhor. Daí você se vicia em ilusões com o intuito de não encarar a realidade. Mas isso, mais cedo ou mais tarde terá que acontecer. Se você passar a vida escravizado pelos vícios, poderá até ter uma vida morna, saindo dessa vida sem saber o que é crescimento e felicidade.

A glamourização dos vícios tem levado muita gente ao sofrimento. As propagandas estimulam, os pais negligenciam, o imediato da vida material reforça. Falo sobre vícios por experiência. Me livrei de vícios que nunca imaginei ser capaz e estou ainda em processo de libertação de alguns outros. Posso dizer, depois de tudo, que até que não é tão difícil, apesar de sentir em determinados momentos, que era impossível. Quando se quer realmente, a libertação dos vícios é relativamente fácil. O problema é que tão poucas pessoas querem realmente mudar e se aprazem nos vícios.


Faça valer a sua vida. Seja senhor de si e não seja escravo de nada. Você foi criado para a liberdade. O equilíbrio com as verdadeiras necessidades nos torna leves e harmônicos.


Seja feliz e se apegue realmente ao que faz sentido e é realmente bom e prazeroso. Não se entregue às ilusões do mundo. Seja livre! I want to break free, I want to breaaaak freee...


Jean Charlles

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